Natália Lambert e Paulo Silva Pinto, Correio Braziliense
Amigo próximo do ex-ministro das Relações Exteriores José Serra, o economista e diplomata de carreira Rubens Ricupero se surpreendeu com a saída repentina do Itamaraty, mas, em conversa com o Estado de Minas, fez questão de ressaltar que o problema de coluna é real e causa muito sofrimento ao colega. Para ocupar o lugar de Serra, Ricupero não consegue imaginar pessoa melhor que o embaixador do Brasil em Washington (EUA), Sérgio Amaral, um dos nomes cotados pelo presidente Michel Temer. Entretanto, com o argumento de unificar a base, a possibilidade de Temer fazer uma escolha política é maior, e, quanto a isso, o atual diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP-SP) é bem crítico. “O Itamaraty não pesa nada no jogo interno. Não tem cargos, não tem obras, não tem verbas e essas coisas é que são a moeda para pesar na composição interna do governo”, afirma. “O problema não é você ser político ou diplomata de carreira, o problema é a qualidade pessoal. Onde você vai encontrar um político militante que fale línguas e conheça a vida internacional?”, acrescenta. Aos quase 80 anos, que serão completados na quarta-feira, e com a experiência de ter sido ministro de Estado por duas vezes, além de ex-secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Ricupero não se mostra otimista com o futuro. Na opinião do embaixador, as reformas econômicas que estão sendo postas são importantes, mas a verdadeira e essencial reforma é a política, para que se mude todo o sistema. “É uma crise que não é mais aguda, é crônica. É como aqueles doentes que a medicina consegue evitar que morram, mas nem consegue curar nem dar uma qualidade de vida razoável. Essa é a nossa situação.”
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Entrevista publicada no Correio Brasiliense em 27/02/2017.